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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Desvendando o universo dos tiques


“A doença ainda obscura para a ciência, os TIQUES são desencadeados pela produção excessiva de dopamina, um dos principais neurotransmissores cerebrais. Essa disfunção pode ser desencadeada na infância, por infecções, ou mesmo com o uso de substâncias psicoativas, como a cocaína, mas depende de pré-disposição genética”. (Dra. Ana Hounie)


            Em tempos não muito distantes as doenças mentais eram classificadas estritamente de origem emocional ou psíquica, mas hoje sabemos que as mesmas também podem sofrer influências de uma produção desequilibrada, para mais ou para menos, de substâncias químicas endógenas, ou seja, as fabricadas pelo próprio organismo que são responsáveis também pela integração da mente com o corpo. Os desequilíbrios fisiopatológicos desencadeiam transtornos psiquiátricos e/ou alterações motoras e orgânicas. Na tentativa de suprimir, reduzir e/ou amenizar os efeitos das patologias a ciência através da psicofarmacologia desenvolveu sinteticamente, os fármacos psicoativos tentando imitar a ação dos neurotransmissores e compensar a sua deficiência ou contrabalançar o seu excesso.
          
           O Tique é um movimento motor involuntário, esteriotipado, rápido, recorrente e não rítmico (usualmente envolvendo grupos musculares circunscritos) ou produção vocal, que é de início súbito e sem propósito aparente. Podem ser suprimidos por período variado de tempo. Classificam-se em simples ou complexos e divide-se em:

1 – Transtorno de tique transitório – esta é a forma mais comum e a mais freqüente e aparecem nas formas de piscadas de olhos, caretas faciais ou movimentos bruscos da cabeça. Não persistem mais que 12 meses;

2 – Transtorno crônico de tique motor ou vocal – há tiques motores ou vocais, mas não ambos, podem ser únicos ou múltiplos, e duram por mais de um ano;

3 – Síndrome de Tourette – transtorno de tiques vocais e motores múltiplos combinados - uma forma de transtornos motores múltiplos, um ou mais tiques vocais, simultâneos ou não. Os vocais são, com frequencia, vocalizações explosivas e repetitivas, pigarros e grunhidos, podendo haver o emprego de palavras ou frases obscenas. Os sintomas tendem a piorar na adolescência e persistirem na vida adulta.

            As causas da doença são desconhecidas. Descritas sob dois aspectos:

1 - Influências  
Genéticas: estudos com famílias de portadores indicam que há uma transmissão genética da predisposição à síndrome;

Ingestão de substâncias: drogas ou medicamentos;

Problemas do desenvolvimento: retardo mental, anormalidades cromossômicas ou autismo

Fator psicológico: evento estressante de diferentes naturezas (agradável/desagradável);

2 – Pesquisas
Estudos com ressonância magnética cerebral mostraram que há alterações em algumas estruturas cerebrais, conhecidas como gânglios da base e corpo caloso, de portadores da síndrome;

Tomografias de maior precisão, que funcionam à base da emissão de partículas subatômicas (pósitrons e fótons), revelaram que esses pacientes, em geral, apresentam menor atividade em algumas regiões do cérebro, chamadas córtex frontal e temporal, cíngulo, estriado e tálamo;

Sugestão de que a síndrome de Tourette seja influenciada por um substrato neuroquímico. A principal teoria dessa linha é que, nos portadores do transtorno, há uma atividade maior da dopamina*, a substância que auxilia na transmissão dos impulsos nervosos de um neurônio para outro.

*A dopamina é um neurotransmissor envolvido na regulação do movimento, do humor, da atenção e das funções viscerais.

            Algumas doenças podem ser ou estar relacionadas com os Tiques, são elas:

Mal de Parkinson: causa genética levando à diminuição da elaboração de dopamina por degeneração dos neurônios dopaminérgicos da substância negra;

Depressão: a falta de dopamina com conseqüente ausência de prazer;

Esquizofrenia: excesso de elaboração de dopamina na área tegmental ventral, ocorrendo um derrame excessivo no sistema límbico, determinando alteração das emoções;

Compulsões, psicopatias e dependência de drogas: todas essas alterações ocorrem (entre outros fatores) por falta de dopamina ocasionando a ausência de prazer e a busca constante de sensações prazerosas.
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             Estudo realizado a partir da reportagem “Desvendando o universo dos tiques” de autoria de Kamila Almeida, publicada no Caderno Vida, páginas 4 e 5, da edição do jornal Zero Hora do dia 06/08/2011.
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Elaboração: Elma Lorena Dutra e Márcia Menegassi


Postado por: Liliane de Oliveira