Capra em "O Ponto de Mutação", fala sobre as crises vividas durante a década de 80, porém as questões levantadas por ele continuam muito atuais e é sobre isso que falaremos um pouco.No capítulo "A inversão da situação" ele fala sobre a crise mundial, dizendo que esta "é uma crise de dimensões intelectuais, morais e espirituais; uma crise de escala e premência sem precedentes em toda a história da humanidade." (p.19)Não há como negar esta imensa crise, que além de intelectual, moral e espiritual, também é ecológica. Estamos destruindo praticamente tudo que é essencial para nossa existência, ou seja, estamos poluindo nosso ar, nossa água, nossa comida, nossas plantas e nossos animais e nem estamos nos dando conta. Temos orgulho de dizer que somos seres racionais e intelectuais e, por consequência, superiores aos outros seres vivos, porém se prestarmos um pouco mais de atenção à utilização que damos para todos estes "aparatos", ditos superiores, veremos que estamos a um passo de acabar com as nossas próprias vidas.Diz Capra "...tornou-se claro que nossa tecnologia está perturbando seriamente e pode até estar destruindo sistemas ecológicos de que depende a nossa existência. A destruição de nosso meio ambiente natural tem sido acompanhada de um correspondente aumento nos problemas de saúde dos indivíduos. [...] Doenças crônicas e degenerativas, enfermidades cardíacas, cânceres, derrames, depressões graves, esquizofrenias e outros distúrbios de comportamento parecem brotar de uma deterioração paralela de nosso meio ambiente social." (p.21 e 22). Já para Sorokin a crise atual (80’) não passa de uma “fase de transição, como as que ocorreram em ciclos anteriores da história humana” (p. 30).O autor trás, como alternativas para esta crise, os escritos de alguns pensadores. Uma delas seria “substituir a noção de estruturas sociais estáticas por uma percepção de padrões dinâmicos de mudança.” (p.24) Essa transição da condição estática para os padrões dinâmicos são, para Toynbee, nada menos que a gênese de uma civilização e que esta também conta com um padrão de interação chamado “desafio-resposta” que consiste em um desafio do ambiente natural ou social provocar uma resposta criativa na sociedade ou em um grupo social. E é esta necessidade de respostas criativas exigidas pelo ambiente que faz com que a civilização continue a evoluir.Outra opção seria nos apropriarmos do ideal de transações culturais harmoniosas retratadas no I Ching que consiste em um “processo de contínuo fluxo e mudança [...] onde todos os fenômenos que observamos participam deste processo cósmico e são intrinsecamente dinâmicos” (p.32), sendo assim, devemos compreender que para a harmonia proposta acontecer é necessário que os pólos opostos (Yin e Yang) se intercalem, se apresentando e se afastando em um movimento cíclico, gradual complementar e em progressão ininterrupta.Já para Marx, cujo pensamento consiste no materialismo dialético ou histórico, isto é, “todas as transformações que ocorrem na sociedade provém de suas contradições internas.” (p.32) o progresso só ocorre se for baseado no conflito, na luta e na revolução violenta, pois só pode haver mudanças quando há discordância de pensamentos e crenças.Podemos também nos aproximar do pensamento cartesiano de Descartes, cujo foco está no raciocínio lógico e matemático, priorizando o pensamento e excluindo o corpo (organismo vivo). Esta é uma teoria que vigora até os dias atuais, influenciando nossas atitudes e crenças, nossos sistemas político e social e também nossa medicina que insiste em fragmentar o ser humano em cabeça, tórax, coração, estomago etc, porém parece que esta é uma tendência que está prestes a cair, e para que isso aconteça basta que comecemos a modificar nossas atitudes, pensamentos e formas de ver e nos relacionar com os outros e o mundo a nossa volta.
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Bibliografia:
CAPRA, Fritjof; tradução de Álvaro Cabral. O ponto de mutação - A inversão da situação. São Paulo: Cultrix, 2006.