Com base nas bibliografias utilizadas, me atrevo a concluir que tanto o conceito de saúde da OMS (Organização Mundial de Saúde) quanto o do modelo biomédico (conforme texto de Capra) são precários e não descrevem com eficácia o que é saúde, sendo assim, deixam a desejar na explicação do processo de saúde-doença vivido pela população.
Vimos, a partir do texto de Canguilhem, que o conceito de saúde não pode ser generalizado, pois pode variar de um indivíduo para o outro ao mesmo passo que variam as condições de vida de cada um. Somos seres adaptáveis, ou seja, nos adaptamos ao meio em que estamos e assim criamos as resistências necessárias para nos mantermos saudáveis. Isso é facilmente observado quando fazemos uma viagem a um local com condições climáticas diferentes do nosso local de origem, nosso corpo não está acostumado às novas condições, o que pode nos propiciar uma enfermidade. Quando falamos de saúde, devemos considerar as condições reais da pessoa que está sendo analisada, pois por mais parecidos que sejamos uns dos outros, nossos organismos, muitas vezes, funcionam de maneiras distintas, isto é, o que para um é remédio, para outro pode ser veneno.
Não devemos, porém, descartar os conceitos de saúde que foram criados até agora, pois foi a partir deles que conseguimos ampliar o foco sobre esta questão. A partir do que foi estudado até hoje, conseguimos nos questionar sobre o processo de saúde-doença. Saúde não significa ausência de doença, e sim novas normas que o corpo e a mente encontram para se adaptar a novas condições e doença, muitas vezes, não é algo externo ao nosso corpo, ela apenas aparece quando nossas imunidades e/ou capacidades de normatização estão fragilizadas.
Em um século onde a medicina se preocupa mais em medicar do que ouvir seus pacientes, fica realmente complicado amparar e (re)educar estas pessoas para uma “autonomia saudável”. Esta autonomia está em o indivíduo perceber que o processo de saúde, ou “cura da doença”, como é comumente denominado pelos usuários do sistema de saúde, depende muito mais dele do que dos remédios que ele retira no posto de saúde, pois de nada adianta tomar dúzias de remédios se o indivíduo desconsiderar que ele próprio também pode intervir sobre o seu bem estar.
Necessitamos urgentemente de uma visão mais ampla sobre os indivíduos, precisamos (re)aprender a analisar as pessoas de uma forma mais holística e sistêmica, considerando todas as circunstâncias e situações envolvidas na vida e no cotidiano de cada um.
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Bibliografia:
CAPRA, Fritjof; tradução de Álvaro Cabral. O Ponto de Mutação - 33ª ed.: Cap. 5 – O modelo biomédico; São Paulo: Cultrix, 2007.
CANGUILHEM, Georges; tradução de Maria Thereza Barrocas e Luiz Octávio Leite. O normal e o patológico – 5ª ed.: Cap. IV – Doença, cura, saúde; Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002.
Elaboração: Liliane de Oliveira
Postado por: Liliane de Oliveira
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