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segunda-feira, 4 de julho de 2011

Sobre as Redes Sociais....


Segundo Freud, em o Mal-estar na Cultura (2010) nós, seres humanos desde muito cedo já experimentamos a tendência a afastar, a eliminar tudo que possa causar sofrimento ou ser fonte de desprazer e permanecer apenas com o que possa nos ser prazeroso. Há, porém, processos psíquicos que implicam certo sofrimento, mas que são necessários a fim de que o indivíduo adquira ferramentas para lidar com sentimentos como frustrações e medos. A interdição de um Terceiro na relação entre a mãe e seu bebê é um exemplo. Esta interdição possibilita ao indivíduo que simbolize a falta da mãe, que mais tarde permitirá que o sujeito renuncie sua onipotência infantil.
Lebrun, no texto Uma Clínica do Social (Um mundo sem limites, 2004) revisita o trabalho psíquico referindo certa economia.
Com efeito, a promoção de um ideal de submissão às coordenadas da ciência não implica mais que seja precisa passar pelos forcados caudinos da castração – ou do ser adulto, para falar simplesmente -, ou seja, deve sustentar que, mesmo havendo impossível, a vida não é, por isso, impraticável.” (Lebrun, 2004)
Essa falta da necessidade de se reconhecer a um Terceiro sua função leva o sujeito contemporâneo a uma “ideologia de pensar viver sem ideologia” (Lebrun, 2004). Com o objetivo de se evitar o sofrimento a qualquer preço ocorre uma inversão: a queixa não está mais no sofrimento legítimo que advém da decepção simbólica, vem da recusa a isso e então, de “não receber dons” (Lebrun, 2004).
Ora, em uma época que traz consigo esse enfraquecimento do simbólico para sustentar as relações sociais segundo Lebrun e em que Freud diz ser árdua demais, cheia de dores e desilusões insuportáveis, faz necessário o uso de lenitivos. E em um momento em que a internet dissolveu limites estratosféricos proporcionando o acesso a praticamente qualquer tipo de informação, diminuindo frustrações e desilusões, surgem as redes sociais aproximando as pessoas.
O indivíduo não precisa mais fazer outros tipos de movimentos a não ser o de ligar seu computador e ali encontrar seus amigos protegendo-se das vicissitudes da convivência. Primeiramente, o número de amigos é, basicamente determinado por uma das partes da relação. Conheço uma pessoa que é “seguidora” do ator norte-americano Ashton Kutcher. Eles são amigos sem que nunca tenham se falado! Retornando às vicissitudes das relações humanas, a conversa via redes sociais é muito melhor controlada. Após digitar-se tudo o que se quer dizer há a possibilidade de se ler tudo novamente e somente então, enviar a sua fala. E se, por acaso o outro não gostou do que ouviu pode simplesmente desligar o computador até pensar no que vai responder. E ainda, o indivíduo fica muito melhor protegido para não manifestar seus fantasmas, suas insatisfações e parecer “cool” o tempo todo, obtendo assim o carinho que tanto almeja.
Uma das características fundamentais na definição das redes é sua abertura e porosidade, possibilitando relacionamentos horizontais e não hierárquicos entre os participantes. “Redes não são, portanto, apenas uma outra forma de estrutura, mas quase uma não estrutura, no sentido de que parte de sua força está na habilidade de se fazer e desfazer rapidamente (Duarte e Frei).” Muito embora um dos princípios das redes seja sua abertura e porosidade, por ser uma ligação social, a conexão fundamental entre as pessoas se dá através da identidade. “Os limites das redes não são limites de separação, mas limites de identidade. (...) Não é um limite físico, mas um limite de expectativas, de confiança e lealdade, o qual é permanentemente mantido e renegociado pela rede de comunicações (Capra).”
O apego é tamanho que, pode acontecer de o indivíduo informar na rede todos os seus passos: “estou no banho, já volto”, “jantando”, “qualquer coisa chama”. Não seria isso uma forma de não suportar ausências e frustrações?



Elaboração: Liliane de Oliveira e Renata Gobbi

Postado por: Liliane de Oliveira

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